CERRADO DE PÉ – Associação de coletores de sementes nativas evoluem na geração do Turismo de Experiência.

Objetivo dos associados é, além dos lucros obtidos e a preservação do meio ambiente, possibilitar aos turistas a vivência de colher sementes nativas, reflorestar áreas degradadas do cerrado, colher e se alimentar dos frutos do cerrado e conhecer o artesanato local. 

Roberto Naborfazan

Ladeado por Claudemir, Tatiana Fernandez e Cléber Chagas, o secretário Moisés Neto, representante da prefeitura, reafirma compromisso do prefeito de doar área para a Associação.

Representantes de núcleos da Associação de Coletores de Sementes Cerrado de Pé, formada por coletores de sementes nativas do cerrado na região da Chapada dos Veadeiros, participaram na tarde de terça-feira, 25, no auditório do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, no Distrito de São Jorge, em Alto Paraíso de Goiás, da oficina Decisões Estratégicas para Formatação do Turismo de Experiência, dentro do Projeto Brasil Central de Turismo, ministrada pela consultora em desenvolvimento de destinos turísticos, Tatiana Fernandez.

O projeto Brasil Central Turismo é a união de forças do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, do Distrito Federal, de Mato Grosso do Sul, de Mato Grosso e de Goiás, com o objetivo de posicionar o Brasil Central como destino integrado e de qualidade nos cenários nacional e internacional; promover, de forma inovadora, o acesso a mercados para o público-alvo; aumentar a competitividade do destino; e favorecer o desenvolvimento turístico regional e sustentável.

Representantes de núcleos da Associação de Coletores de Sementes Cerrado de Pé participaram da oficina ministrada por Tatiana Fernandez.

Segundo Cleber Chagas, gestor do Projeto na região nordeste do estado de Goiás, a associação de coletores de sementes conta com associados em todos os municípios que compõem a Chapada dos Veadeiros – Alto Paraíso, Cavalcante, Teresina, Colinas do Sul e São João D’aliança, e também em Monte Alegre. Ressaltando que são todos pequenos produtores rurais, muitos são das regiões quilombolas, que utilizavam a coleta de sementes como forma de subsistência.

O caminho para a criação da Associação nasceu após incentivo de integrantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), no ano de 2009, quando pequenos produtores rurais começaram a fazer coleta de sementes na área do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, que inicialmente eram comercializadas na informalidade, e depois passou a serem comercializadas na parceria feita com a Rede de Sementes do Cerrado, em Brasília – DF, além de serem usadas também para outras finalidades. Em seus primeiros passos, em 2009, os trabalhadores conseguiram coletar aproximadamente três quilos e meio de sementes.

Oficina realizada no auditório do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.

Em 2016, o ator Marcos Palmeira, reconhecidamente um grande defensor do meio ambiente, em visita a Chapada dos Veadeiros, conheceu o trabalho dos coletores de sementes e pediu o apoio do Sebrae, que passou a acompanhar os coletores com consultorias e oficinas dentro do Projetos Brasil Central de Turismo, oferecendo capacitação e incentivo ao Turismo de Experiência.

Além do Sebrae e do ICMBio, os coletores, inicialmente, contaram também com o apoio da Universidade de Brasília (UnB) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Engajado, Marcos Palmeira passou aos trabalhadores a ideia da criação de uma cooperativa ou de uma associação. Após orientação com os consultores do Sebrae, os trabalhadores decidiram pela criação de uma associação sem fins lucrativos. Em 10 de junho de 2017 nascia a Associação de Coletores de Sementes Cerrado de Pé, com sede no Distrito de São Jorge, em Alto Paraíso de Goiás, que já gerava emprego e rendas para 60 coletores de sementes.

“Quando os coletores resolveram organizar esse empreendimento coletivo, e decidiram pela forma de associação sem fins lucrativos, o Sebrae mostrou os prós e os contras das formas associação e cooperativa, ou seja, o Sebrae ajudou na concepção da associação. Pelo Projeto Brasil Central Turismo, vimos a oportunidade de desenvolver produto turístico, transformando essa prática da colheita de sementes nativas do cerrado, que é uma prática educativa e extremamente importante para o cerrado, em produto de Turismo de Experiência. O Sebrae propôs isso para a Associação e eles aceitaram. Então, consultorias como essa de hoje, na Oficina orientada pela Tatiana Fernandez, são bases no apoio ao desenvolvimento e fortalecimento desse produto de Turismo Experiência, que passa pela vivência, oferecendo ao turista que vem a Chapada dos Veadeiros a possibilidade de vivenciar o processo passando um dia conhecendo árvores e gramíneas, coletando sementes, reflorestando o cerrado, e vivenciando todos os produtos que serão oferecidos no pacote.” Esclarece Cleber Chagas.

Claudomiro de Almeida Cortes, presidente da Associação de Coletores de Sementes Cerrado de Pé.

Com raiz na labuta diária da plantação de subsistência, Claudomiro de Almeida Cortes, eleito presidente da Cerrado de Pé, conta um pouco de sua trajetória “Eu não tinha nenhuma consciência em relação a preservação ambiental, queria mesmo era detonar a natureza. Em 2007 entrei para a brigada de combate a incêndios no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Na convivência com Fernando Rebello (do ICMBio), que orientava os brigadista na questão de preservação, fui entendendo que se não cuidássemos do meio ambiente, em pouco tempo não teríamos água. Todos nós que trabalhávamos na lavoura tínhamos o costume de limpar as áreas, destocar (arrancar tocos), fazer a queimada e depois plantar nossas roças. Ali a gente queimava tudo, árvores, gramíneas, o que existisse na frente. Hoje, depois de muito aprendizado e observação na natureza, sabemos que uma arvores frutífera é muito mais rentável que uma roça de Arroz, feijão e outros grãos. Tem o exemplo de um dos nossos coletores, que apenas na colheita dos frutos de um pé de Cagaita conseguiu ganhar o dinheiro equivalente a venda de cinco sacos de feijão. Além disso, todo o lucro de nossas produções é dividido entre os associados. Outra coisa importante, ganhamos a consciência de que estamos fazendo um planeta melhor, visto que as sementes são utilizadas para restauração de áreas degradadas, além de serem úteis a empresas que realizam a compensação ambiental, com o plantio de sementes que preservam a vegetação natural do cerrado.” Relata Claudomiro.

Entre várias outras, o Araticum é uma fruta típica do Cerrado, seu ponto de maturação ideal é quando o fruto cai do pé.

Hoje, com aproximadamente sessenta coletores associados, a Associação de Coletores de Sementes Cerrado de Pé já se consolida como geradora de rendas para essas famílias. A produção se avoluma a cada ano (Veja Ilustração na foto) e a dificuldade que se apresenta é a questão do armazenamento dessa produção. Uma comissão de coletores procurou a prefeitura de Alto Paraíso, em busca de uma área onde possa ser construído um galpão para a Associação. Segundo o secretário de turismo do município, Moisés Neto, o prefeito Martinho Mendes irá receber novamente os coletores nos próximos dias para que possam, juntos, definir uma área na sede do município, e não no Distrito de São Jorge, o que facilitará, inclusive, o escoamento da produção.

Produção na colheita de sementes se avoluma a cada ano

A expectativa dos associados é de que, até o final do ano, quando terminam as consultorias oferecidas pelo Sebrae, todos os produtos já tenham sido formatados, possibilitando que o turista que visita a região possa usufruir de uma vivência em que aja a integração do passeio em meio a natureza, com a colheita das sementes, o reflorestamento do cerrado, a alimentação feita com frutos colhidos pelos próprios visitantes (sucos, bolos, etc) e a aquisição do artesanato local.

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Um comentário em “CERRADO DE PÉ – Associação de coletores de sementes nativas evoluem na geração do Turismo de Experiência.

  • 8 de fevereiro de 2020 em 23:29
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    como ci fuciona

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